domingo, 18 de abril de 2010

Proposta 2 - Ricardo Reis

Ser-me-às suave à memória, lembrando-te assim à beira-rio
pagã triste e com flores no regaço.


Ricardo Reis é um dos três heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa, tendo sido imaginado de relance pelo poeta em 1912 quando lhe veio à ideia escrever uns poemas de índole pagã. Nasceu no Porto, estudou num colégio de jesuítas, formou-se em medicina e, por ser monárquico, expatriou-se espontaneamente desde 1919, indo viver no Brasil. Era latinista por formação clássica e semi-helenista por auto didactismo. Na sua biografia não consta a sua morte.
Reis, também discípulo de Caeiro, admira a serenidade e a calma com que este encara a vida, por isso, inspirado pela clareza, pelo equilíbrio e ordem do seu espírito clássico greco-latino, procura atingir a paz e o equilíbrio sem sofrer, através da autodisciplina.
A sua poesia é constituída por muitas alusões mitológicas, com uma linguagem culta e precisa, sem qualquer espontaneidade.
Defende, sobretudo, a busca de uma felicidade relativa alcançada pela indiferença à perturbação.
Está sempre presente a tentativa de iludir o sofrimento resultante da consciência aguda da precariedade da vida, do fluir contínuo do tempo e da fatalidade da morte, através do sorriso, do vinho e das flores.
A filosofia de Ricardo Reis é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer do momento, o carpe diem, como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos instintos. Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade – ataraxia.

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